O professor universitário que fingia, na internet e ao telemóvel, ser mulher e estragou a vida às vítimas – entre elas um comissário da PSP – com perseguições, utilizava os computadores da Universidade de Évora para seduzir os homens e marcar encontros. Acabou por ser apanhado pela Divisão de Investigação Criminal da PSP de Lisboa no seu gabinete do departamento de Geociências, onde desempenhava funções de professor assistente convidado.
Apesar do uso dos meios informáticos da academia, Mário M., 35 anos (conhecido por ser um homem de poucas falas), continuou a leccionar as quatros horas semanais de Biologia sem que a instituição aplicasse medidas disciplinares. A reitoria da Universidade de Évora não quis pronunciar-se por se tratar de "um assunto particular".
O docente, que ensina em Évora e na Escola Superior de Educação de Lisboa, e tem residências nas duas cidades, cometeu os crimes em 2007 e 2008. Para seguir e infernizar a vida das vítimas contratou três detectives, e estes dois inspectores da PJ, dois agentes da PSP, um funcionário da Vodafone e outro da UNICRE. Mário seduzia homens pela internet e quando a conversa resvalava para o telemóvel, imitava a voz de mulher na perfeição. Depois marcava encontros ao vivo, mas não comparecia. Desta forma enganou um comissário da PSP e ainda um familiar dos donos de uma editora famosa.
Segundo a acusação do Ministério Público, a que o nosso jornal teve acesso, o docente iniciou uma perseguição infernal às suas vítimas quando estas romperam a ‘relação’. Colocou vários cartazes a avisar de que eles tinham doenças, pôs massa na fechadura dos carros e mandou entregar cinco a seis coroas de flores por dia em casa de cada uma das vítimas e dos seus familiares, a dar os sentimentos pelas suas mortes. À PSP enviou denuncias anónimas, acusando o comissário de corrupção e tráfico de droga. Mário M., solteiro, é conhecido por ser recatado. Nos últimos anos investiu no doutoramento. Na Universidade de Évora deu aulas de Biologia no primeiro semestre. Pontualmente faz investigação nos laboratórios.
Alexandre M. Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário