quinta-feira, 21 de maio de 2009

“Quis sair da história mas foi ameaçado”

"Há muitas mentiras no processo. Houve uma altura em que o meu irmão se quis livrar desta história mas não conseguiu devido aos constantes telefonemas e ameaças de familiares das alegadas vítimas." Maria (nome fictício), irmã do professor da Universidade de Évora e da Escola Superior de Educação de Lisboa que se fazia passar por mulher, na internet e ao telefone – para seduzir homens e infernizar as suas vidas com perseguições –, disse ainda ao CM que a verdade será conhecida em tribunal. 



"Neste processo existem outros culpados que não têm sido mencionados. Tudo começou por uma brincadeira que resvalou para esta situação", frisou Maria, que não quis adiantar pormenores sobre o caso. Revelou apenas que o irmão e restante família "estão bastantes afectados psicologicamente" e que irá agir judicialmente contra a equipa de investigação por a terem constituído como arguida "sem provas".

O docente, Mário M., nascido em 1971, cometeu os crimes entre 2001 e 2008. Seduzia homens pela internet e quando a conversa resvalava para o telemóvel imitava a voz de mulher. Depois marcava encontros ao vivo, mas não comparecia. Desta forma enganou um comissário da PSP, um familiar dos donos de uma editora famosa e ainda outro homem.

Segundo a acusação do Ministério Público, o docente iniciava uma perseguição infernal às vítimas quando estas rompiam a ‘relação’. Para as seguir contratou detectives, e estes polícias e técnicos de telecomunicações.

"FUI ARGUIDA SEM TEREM UMA ÚNICA PROVA"

A irmã de Mário, que foi associada à voz imitada pelo irmão e por isso arguida no processo até à passada semana, vai avançar com uma queixa contra os investigadores da PSP. "Fizeram uma busca na minha casa, apreenderam o computador e o carro e fui constituída arguida sem que tivessem uma única prova. Também não compreendo como é que a juíza e a procuradora assinam um documento sem certezas", disse. Esta mulher refere que a situação teve consequências graves na sua vida privada e profissional. Mário e a irmã foram identificados no dia 26 de Junho de 2008.

ENVIAVA ÀS VÍTIMAS FOTO DE MULHER LOIRA

Para consolidar a confiança das suas vítimas e para que mantivessem a expectativa de um dia virem a conhecer a mulher com quem falavam com regularidade, Mário M. chegou a enviar a alguns dos homens, via internet, uma fotografia de uma mulher loira, de olhos claros e com características físicas das mulheres nórdicas. Segundo a Acusação, o professor universitário que se encontra a fazer um doutoramento na área de Paleobotânica, simulava na perfeição a voz de mulher. Com as vítimas estabelecia relações amorosas virtuais e, por vezes, para apimentar o contacto, simulava actos sexuais com os interlocutores.

PORMENORES 

NOMES

Mário usava nomes falsos: Ana Sofia de Magalhães e Francisco Sá Magalhães.

ESTRATÉGIA

A maioria dos contactos com as vítimas foram estabelecidos a partir do computador na casa dos pais.

MÉTODOS

Pintou casas das vítimas, estragou carros e enviou cartas a acusá-las de corrupção e tráfico de droga.

ARGUIDOS

Estão ainda evolvidos dois detectives, dois PJ, dois PSP e dois técnicos de telecomunicações.

Alexandre M. Silva

Sem comentários: