Os Waterboys estão de volta a Portugal e apresentam-se este Verão no Festival Alentejo em Évora.
Os Waterboys foram criados há 25 anos - o primeiro álbum, The Waterboys, foi lançado em Julho de 1983 - e desde então já venderam mais de cinco milhões de discos em todo o mundo. A banda assume que não pertence a qualquer género ou movimento, mas a inspiração vem do folk irlandês. Depois, foi só juntar-lhe influências rock, pose e outros truques pop e os recursos criativos do escocês Mike Scott.
Scott teve uma aprendizagem musical polivalente, chegando a fazer parte de uma banda punk. Depois, entrou para Filosofia e História na universidade e, já em Londres, após a colocação de um anúncio no jornal, surgiram Anthony Thistlethwaite e Kevin Wilkinson. Estavam criados os Waterboys, na sua formação original.
Depois do segundo álbum Pagan Place (1984), fez-se história com This is the Sea (1985), de cujo alinhamento constava o tema The Whole of the Moon, que haveria de se consagrar como uma espécie de hino da banda. Foi já com base na Irlanda que o grupo se juntou para Fisherman's Blues (1988), um dos três álbuns que Mike Scott acredita poder ser o melhor dos Waterboys: "Sei que não é justo dizer que um álbum é melhor que outro, mas continuo a fazê-lo. Penso que o melhor álbum dos Waterboys é um de três: This is the Sea, Fisherman's Blues ou Pagan Place. São os três que mais gosto." Quanto ao trabalho que a banda está agora a apresentar, Scott também não mostra dúvidas: "Penso que esta é uma das melhores compilações de canções dos Waterboys."
Em 1993, e já a viver em Nova Iorque tendo deixado a banda para trás, o vocalista e escritor de canções gravou Dream Harder. Os trabalhos a solo pareciam ser o futuro na vida do cantautor. Acabou por entrar para uma comunidade espiritual escocesa e, até 2000, excepção feita ao álbum Bring'em All In, a actividade foi nula. Sobre esses tempos de solidão, Mike Scott confessa-se: "Teve piada estar sozinho quando eu era um one man show Tocava todos os instrumentos, gostava disso. Foi divertido, uma novidade. Mas se tenho de ter uma banda comigo, que sejam os Waterboys. Cheguei à conclusão de que prefiro ter uma banda à minha volta do que estar sozinho." E fez-se a sua vontade, com o regresso da banda às edições logo no ano 2000. Rock in the Weary Land sucedeu à compilação The Whole of the Moon - The Music of The Waterboys.
Hoje, o grupo divide-se entre Londres, Dublin, Galway e Nova Iorque, mas é em Findhorn, na Escócia, que encontra o refúgio caseiro. Uma dúzia de álbuns depois, os Waterboys voltam com este trabalho, Book of Lightning, a apresentar esta noite em Gaia. Foram mais de 40 os músicos que já colaboraram com a banda, mas há um núcleo duro que não se desfaz: Mike Scott, voz e guitarra, Steve Wickham, violino, Richard Naiff, teclados, Mark Smith, baixo, e Damon Wilson, na bateria. Deles não irá faltar, espera-se, o tema The Man with the Wind at his Heels, deste último álbum, algo que em tradução livre pode significar "o homem que tem o vento nos calcanhares". Questionado sobre esta ideia, de ainda ser um homem em constante viagem, incapaz de se fixar num mesmo sítio por muito tempo, Mike Scott acusa o peso da idade: "Fui, no passado, sem dúvida, em determinado ponto da minha vida. Hoje já não penso que o seja. Escrevi essa canção quando andava sempre com a mala na mão, em meados dos anos 80. Nessa altura senti que tinha mesmo o vento nos meus calcanhares, mas agora vivo numa casa bem bonita em Londres, tenho raízes mais profundas sob os meus pés." Mas não fecha a porta a novas aventuras: "Nunca se sabe de onde o vento voltará a soprar. E quando ando em digressão acabo sempre por ter o vento nos meus calcanhares."
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