O abastecimento de água na cidade de Évora, desde a sua origem até aos nossos dias, é um tema bastante interessante, devido à sua complexidade e à existência de um riquíssimo património hidráulico, que tem sido preservado e revitalizado.
Na Antiguidade, o abastecimento de água incluía a sua captação em cisternas, nascentes e poços, e a sua posterior condução para chafarizes, fontes, tanques e termas da cidade – podendo estas últimas ser hoje visitadas no edifício dos Paços do Concelho.
Apesar de não haver provas científicas consistentes, considera-se a possibilidade do Aqueduto da Água da Prata, do período renascentista, ter sido construído no trajecto de um outro mais antigo, que terá sido edificado no período da cidade romana, então denominada Ebora Liberalitas Iulia.
Chegados à Idade Média, o crescimento da cidade e o possível desmoronamento, e desactivação, do hipotético aqueduto romano dificultaram o abastecimento de água, que se baseava ainda em captar água em cisternas, nascentes e poços, para alimentar os chafarizes e os banhos públicos. Para além disso, também as ribeiras eram usadas para satisfazer necessidades domésticas e industriais.
Com a construção do Aqueduto da Água da Prata, que era urgente, e que ocorreu já na Idade Moderna, na primeira metade do século XVI, a nova água passou a ser fornecida em fontes próprias, tal como em chafarizes, tanques públicos e particulares, existindo fiscalização por parte dos Vereadores, do Juiz e do Provedor do Cano.
Mais tarde, no século XIX, o aqueduto corria riscos de ruína e faz-se então uma grande obra para a sua reconstrução. Com as novas técnicas da época foi possível construir alguns novos troços do aqueduto, mais eficazes.
Durante o século XX, dá-se a remodelação e a ampliação das captações do aqueduto, surgindo a Central Elevatória de Águas (CEA). Esta, localizada no centro histórico da cidade, presentemente é uma unidade museológica que testemunha a grande inovação tecnológica que permitiu o sistema de distribuição de água ao domicílio. Com a sua sede na Rua do Menino Jesus, a unidade museológica está patente ao público em permanência.
Após a construção da CEA, e ao longo do tempo, criaram-se soluções para aumentar o caudal de água. Primeiramente, através da perfuração de novas captações e da construção de poços e, numa segunda fase, em 1966, a cidade passou a receber água da nova Albufeira do Divor, o que reforçou bastante o caudal do aqueduto.
Contudo, em 1995, como a água daquela albufeira não apresentava a qualidade necessária, o abastecimento à cidade passou a ser garantido por uma nova albufeira, a do Monte Novo.
Assim, com a construção da Barragem do Monte Novo, o abastecimento à cidade deixou de depender da região da Graça do Divor e, nomeadamente, do Aqueduto da Água da Prata. A evolução tecnológica passou a permitir a adução de água por condutas.
Actualmente, está em fase de conclusão a ligação da Barragem do Monte Novo ao canal do Alqueva, eliminando-se o risco de falta de água nos períodos de seca. Mas, o Aqueduto da Água da Prata continua a funcionar, sendo a sua água ainda aproveitada, o que é um orgulho para a cidade e um caso raro no contexto nacional. O ponto de recepção da sua água, bem como o da água da Barragem do Monte Novo, é nos reservatórios do Alto de São Bento, os quais substituíram, na década de 70 do século passado, a Central Elevatória de Águas.
Sem comentários:
Enviar um comentário