quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Linha de Évora reabriu há três anos e vai fechar de novo para obras durante 12 meses

Três anos depois de a secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, ter reinaugurado a Linha de Évora (que esteve nove meses fechada para obras de modernização), a Refer anunciou que aquele ramal vai voltar a encerrar a fim de ser electrificado.

A nova empreitada foi consignada a 29 de Setembro ao consórcio Somague/Neopul/Tomás de Oliveira Empreiteiros, SA por 48,4 milhões de euros e inclui também a modernização do troço entre Bombel e Casa Branca, beneficiação de estações e construção de passagens desniveladas. Os trabalhos irão decorrer durante um ano e meio. A partir do próximo mês de Maio, os 26 quilómetros entre Évora e Casa Branca vão fechar ao tráfego ferroviário pelo período de 12 meses, o que implica um transbordo nesta estação entre o comboio e autocarros de substituição postos pela Refer ao serviço da CP.

Esta interrupção acontece três anos e meio depois de a CP inaugurar com pompa e circunstância o serviço Intercidades entre Lisboa e Évora e de a secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, ter anunciado uma autêntica "revolução" na mobilidade do Alentejo, afirmando então (ver PÚBLICO de 6/11/2006) que era "um compromisso do Governo melhorar as ligações ferroviárias entre as capitais de distrito". Nessa altura foram também inauguradas ligações directas entre Évora e Beja que agora vão ser interrompidas.

A CP diz que foi confrontada com uma proposta da Refer para realizar a obra mais depressa se a linha estivesse fechada, em vez de penalizar os clientes com os inevitáveis atrasos gerados pelos trabalhos, mas uma fonte da administração da CP considera "completamente exagerado" o prazo de 12 meses para electrificar 26 quilómetros de linha, tanto mais que o grosso da intervenção na infra-estrutura já foi feito há três anos.

A empresa realiza diariamente quatro comboios regionais e três Intercidades em cada sentido naquela linha. Estes últimos foram alvo de sucessivas campanhas publicitárias, mas estão longe de constituir um sucesso comercial, embora a sua procura tenha crescido. De uma taxa de ocupação inicial de 19 por cento, atingiu entretanto 30 por cento, mas a empresa considera que é seu dever assegurar este serviço público a Évora (e a Beja) e esperava que o aumento da procura se consolidasse. Agora, pelo contrário, voltará tudo à estaca zero, porque entre viajar no comboio com transbordo para autocarro e um expresso da Rodoviária directo a Lisboa, as pessoas preferirão certamente este último.

Quando, em Fevereiro de 2006, a Linha de Évora fechou para obras, esperava-se que estas durassem cinco meses, mas, apesar de o empreiteiro (Ferrovias/Mota Engil) dispor da linha 24 horas por dia, os trabalhos atrasaram-se e demoraram oito meses, só ficando concluídos em Setembro. Depois foi a vez de a CP se atrasar e demorar mais um mês para preparar a oferta para Évora, que viria a ser lançada em 6 de Novembro de 2007, dez meses depois de a linha ter encerrado.

Nessa altura, de uma velocidade de40 km/h, os comboios puderam pas-sar a circular a 140 km/h (embora os Intercidades não passem dos 120 km/h, porque as locomotivas não dão mais). Agora a Refer quer realizar o que não fez na altura e completar alguns trabalhos nas estações, além de electrificar a linha. O objectivo é integrar este troço no eixo Sines-Badajoz que deverá estar a funcionar em 2013.


Carlos Cipriano

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