Estação Elevatória
(Rua do Menino Jesus)
O seu edifício compreendia uma sala de máquinas com o equipamento à vista e uma pequena zona destinada ao pessoal e às pequenas reparações, actividades transferidas posteriormente, com a construção da oficina de contadores.
Tendo sido desenhado e construído para ser uma instalação industrial/técnica, este edifício é bastante funcional, integrando a simplicidade. Apresenta características arquitectónicas modernistas, de estilo internacional, com planta rectangular e cobertura de placa, construído em betão armado, de reboco branco, renunciando a ornamentos, tendo faixas largas de janelas, que são compostas por ferro, material resistente ao fogo, com vidros, para manter a divisão bastante iluminada. Quanto à sua decoração interior, também funcional, apresenta características da Arte Déco, composta por painéis rectangulares em estuque com relevos em gesso, imitando a estalactite. No topo das paredes e no tecto; para embelezar e facilitar a limpeza do local, utilizou-se a conjugação da aplicação de mármore branco, preto e cinzento, de forma abstracta, com linhas rectas em movimento, formando ziguezagues, dando origem a triângulos encadeados, nas paredes, nos pavimentos e nos elementos decorativos. Destacam-se destes últimos os candeeiros de carácter estilizado e a balaustrada corrida em forma rectangular, a qual circunda a maquinaria, situada abaixo do n
ível do pavimento principal, havendo para o seu acesso uma pequena escadaria.
A maquinaria, que aspirava a água dos reservatórios de chegada, elevando-a para o reservatório de serviço regulador de distribuição na rede, foi fornecida e montada pela Sociedade Lusitana de Electricidade A.E.G., e era constituída por dois grupos de electrobombas, com uma potência de cerca de 40 CV no seu conjunto, necessários para dispor de um caudal para o combate ao fogo. Cada um dos grupos podia trabalhar separadamente ou em simultâneo, garantindo apenas um dos grupos o serviço. Cada um tinha a capacidade de elevar um caudal de 93,6 m3/hora, prevendo-se inicialmente que trabalhasse cerca de 16 horas por dia, sendo as restantes 8 horas apenas para uma emergência.
Em 1944, com a transformação de corrente contínua em alterna, foi necessário integrar um novo motor que funcionasse a corrente alterna, que foi fornecido pela Casa Siemens, instalado no meio dos outros dois grupos. Este motor ficou a operar em serviço normal, substituindo definitivamente os anteriores, accionando alternadamente qualquer uma das bombas. Contudo, os outros dois motores continuaram montados para as emergências, mesmo funcionando com a corrente contínua.
Passados 21 anos do início do funcionamento da CEA, no Verão de 1954, atingiu-se a elevação do caudal de 1650 m3/dia, forçando a maquinaria a um trabalho quase ininterrupto de elevação da água. Para agravar a situação, a cobertura de laje de cimento armado do edifício era desfavorável às condições de trabalho excessivo das electrobombas, que suportavam temperaturas elevadíssimas. Por esse motivo, as electrobombas foram substituídas por outras, de corrente alterna, fornecidas
pela Casa Capucho, tendo cada grupo capacidade para o débito horário de 300 m3, prevendo-se já o aumento da rede devido ao crescimento populacional.
Nos anos de 1964 e 1965, com a abertura das piscinas municipais e estando em construção a Estação Elevatória e de Tratamento da Albufeira do Divor, acrescentou-se um outro grupo de electrobomba, também da Casa Capucho, que possibilitou o aumento da elevação de água para 450m3/hora, ampliando-se a área reservada às electrobombas.
Reservatório de Serviço Regulador de Distribuição de Água
(Travessa das Casas Pintadas)
Construído em fo
rmigão de cimento armado, tem capacidade para cerca de 400 m3 e o seu fundo localiza-se num plano superior aos mais altos edifícios da cidade, concebido desta forma para obter a pressão necessária para a distribuição da água.
O reservatório estava ligado automaticamente à estação elevatória, para evitar o esgotamento de água. Podia ficar isolado do resto do complexo, em caso de avaria, passando a água directamente da conduta de elevação para a rede de distribuição domiciliária, através de um dispositivo de torneiras.Deste depósito derivava toda a rede, composta por 10 sectores. Estendia-se pelas ruas situadas intramuros e era constituída por malhas de ferro fundido muito abertas, que se foram apertando à medida que as disponibilidades financeiras o permitiam. Passados poucos anos, com o surgimento de novos bairros na cidade, a rede foi sendo ampliada.
Fontes
Iconográficas
Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Évora
NOGUEIRA, Eduardo, Central Elevatória de Água de Évora, década de 30 do século XX.
Câmara Municipal de Évora
CABRITA, Castro, Diagramas das Redes dos Sectores, n.º 1; n.º 2; n.º 3; n.º 4; n.º 5; n.º 6; n.º 7; n.º 8; n.º 9; n.º 10, 29-05-1930; 3-06-1930; 5-06-1930; 7-06-1930; 8-06-1930; 9-06-1930; 9-06-1930; 14-06-1930; 15-06-1930; 16-06-1930.
IDEM, Estudo do Abastecimento de Águas da Cidade de Évora, 1928-1929.
IDEM, Reservatório de Serviço 400 m3, 23-08-1929.
Impressas
Publicações Periódicas
Noticias d` Evora, Carlos Maria Pinto Pedrosa (Director, editor e proprietário), Évora, 1928-1933.
Manuscritas
Arquivo Distrital de Évora
Câmara Municipal de Évora, Actas da Câmara Municipal de Évora, 1928-1933.
Câmara Municipal de Évora
CABRITA, Castro, Estudo do Abastecimento de Águas da Cidade de Évora, 1928-1929.
Serviços Municipalizados, Actas das Reuniões do Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados da Câmara Municipal de Évora, 1933-1983.
Bibliografia:
CABRITA, Castro, "Estudo do Abastecimento de Águas da Cidade de Évora", in Revista da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses, n.os 656, 658, 664, 666, 668, Lisboa, 1930-31.
IDEM, "O abastecimento de Águas de Évora", in Revista de Engenharia Tecnica, n.º 28, Revista dos Alunos do Instituto Superior Técnico, Maio de 1930, pp. 350-353.
CABRITA, Castro, GALVÃO, Lopes, "O abastecimento de Águas de Évora - a obra a realizar", in Revista de Engenharia Tecnica, n.º 25, Revista dos Alunos do Instituto Superior Técnico, Fevereiro de 1930, pp. 262-273.
KOCH, Wilfried, Estilos de Arquitectura II, s.l., Editorial Presença, Colecção Dimensões, Série especial 11, s.d., pp. 27-29, 121-133.
www.laberintos.com.mx/artdeco2.html, em 22-11-2002.
Sem comentários:
Enviar um comentário