segunda-feira, 23 de novembro de 2009

‘Bichos papa-livros’ de Évora encantam miúdos e graúdos e apelam à leitura



Pouco habituado ao teatro, João Guedes, de 11 anos, viajou de Lisboa com colegas de escola para uma experiência «fantástica» na Biblioteca Pública de Évora (BPE), onde descobriu bichos papa-livros e «comeu» contos de Hans Christian Andersen.
«Foi uma coisa nova e foi fantástico», confessou à agência Lusa o pequeno aluno da Escola Nuno Gonçalves, de Lisboa, «maravilhado» pela actuação do Pim Teatro, a companhia alentejana que motivou a deslocação desde a capital.

Numa quase penumbra, com a sala de leitura da bicentenária BPE «vestida» apenas de luzes pontuais para deixar ver os «bichos» que «comem» os livros, João «saboreou» com gosto as histórias do famoso escritor dinamarquês para a infância.

«Estava muito bom», disse, contrariando a opinião da colega Andreia Ribeiro, igualmente de 11 anos, para quem faltava «um bocadinho de açúcar» na página que «provou», em papel de hóstia.

Um mundo de ilusão em torno dos livros e do que está para lá deles, dos «seres que vivem na biblioteca» e só aparecem «quando as portas se fecham», criado pelo Pim Teatro, que repõe até à próxima sexta-feira, para assinalar 15 anos de actividade, a peça O Bicho Papa-Livros, estreada em 2005.

Além da nova produção Histórias da Monarquia, cuja temporada termina hoje no Teatro Garcia de Resende, os actores voltam a «vestir» a pele dos protagonistas de uma das suas peças mais apreciadas, para miúdos e graúdos.

«É um espectáculo para crianças a partir dos oito anos, porque tem muitos livros e implica saber ler, dominar a escrita e a leitura, mas é também capaz de fascinar os adultos», afiançou Alexandra Espiridião, do grupo teatral.

A «viagem» por este universo mágico, ladeado por enormes estantes «recheadas» de livros antigos, começa com o acordar dos bichos papa-livros que, como excepção, se deixam ver pelo público sentado nas mesas de leitura.

Os espectadores «entram num espaço fantástico», de «uma das bibliotecas mais antigas do país» e que, por si só, «já tem um ambiente especial», o dos «livros antigos a serem comidos por verdadeiros bichos», relatou.

«O objectivo é criar uma ilusão e uma ideia fantástica do que é que pode acontecer dentro do universo dos livros quando ninguém lhes está a mexer», precisou a actriz.

Ao longo de uma hora, os actores interagem com o público que os observa - por vezes até com alguns sustos entre os mais pequenos -, dão a conhecer «recantos» da BPE e transformam as palavras e as histórias num jogo divertido, incentivando à leitura.

Para tal, recorrem a livros interactivos por si concebidos, uns «para descobrir e escrever» e outros «para comer», sempre com os contos de Andersen presentes.

«O espectáculo vai evoluindo até que o público conhece como é que a biblioteca está organizada, como funciona e, no final, transforma-se num grande restaurante de cinco estrelas, onde é possível saborear contos de Andersen», autor «muito apreciado» pelo Pim Teatro, frisou.

Numa época marcada pela Internet e pelo «contacto directo com a informação», o Pim Teatro contraria a «moda» e convida à redescoberta do «fascínio do que é estar sozinho», apenas com a fantástica companhia dos livros.

Lusa / SOL

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