Uma exposição com 46 obras plásticas do poeta e pintor Mário Cesariny, considerado o «grande mestre do Surrealismo» português, está patente desde o dia 25 de Setembro no Fórum Eugénio de Almeida, em Évora.
A mostra disponível ao público até 10 de Janeiro, apresenta trabalhos de Mário Cesariny (1923-2006) do acervo da Fundação Cupertino de Miranda (FCM), de Vila Nova de Famalicão, onde existem o Museu e o Centro de Estudos do Surrealismo.
A iniciativa, que inclui ainda fotografias a preto e branco que retratam o poeta-pintor, da autoria do escultor João Cutileiro, é fruto de uma parceria entre aquela entidade e a Fundação Eugénio de Almeida (FEA), de Évora.
As obras, de 1947 a finais dos anos 90, dividem-se por vários núcleos, como o dedicado à pintura, que inclui trabalhos de carácter experimental e informal, com tinta-da-china e vernizes, explicou hoje à agência Lusa o comissário da mostra, António Gonçalves.
Os desenhos, que têm a figura como centro de representação, as colagens, em que a palavra é articulada com a imagem, e os objectos, de que o artista se apropria através de acasos e os quais transforma, são os outros três núcleos patentes.
Um conjunto de trabalhos que evidencia «o carácter experimental de liberdade e poesia» do universo plástico de Cesariny, «tão intenso quando a sua escrita», afirma a FEA.
Segundo o comissário António Gonçalves, a exposição reúne um «núcleo extenso» das obras do artista, o que dá ao público a oportunidade de descobrir a sua faceta de pintor, para além da mais conhecida, enquanto poeta.
«A mais-valia é podermos mostrar o percurso de um dos grandes autores do Surrealismo a nível nacional e mesmo internacional» e possibilitar um «conhecimento mais profundo» de Cesariny como «um todo», disse.
O comissário destacou que esta é a «primeira vez» que a FCM apresenta uma exposição, «a título individual», do artista, «um dos maiores intervenientes do Surrealismo português» e classificado pelos promotores da exposição como o «grande mestre» desse movimento artístico, em termos nacionais e internacionais.
Outros autores, reconheceu, também «têm uma força enorme» no movimento surrealista, mas Cesariny foi dos que se «manteve fiel a um percurso, a um entendimento mais amplo e a uma vida dentro dessa atitude surrealista».
«O que foi sendo forte no percurso do Mário Cesariny era a forma como ele nos apresentava esse entendimento do surrealismo. Não dentro de uma forma histórica, mas na sua própria atitude, esse sentido de liberdade e essa postura de entendimento da poesia», descreveu António Gonçalves.
E o universo plástico do autor, frisou, é o «reflexo» dessa vivência surrealista: «A sua atitude era mesmo essa, de uma inteligência, de uma luminosidade, de uma liberdade… Quando falo hoje da palavra liberdade, tenho que a associar directamente ao Mário».
A importância de Cesariny para a arte contemporânea em Portugal foi igualmente destacada hoje à Lusa pela secretária-geral da FEA, Maria do Céu Ramos, que o apontou como «o grande surrealista» nacional.
«As artes plásticas foram apenas uma das formas como se expressou. A consistência do seu trabalho e a maneira como viveu a identidade nacional são algo que deve ser partilhado e lembrado, até para reforçar a auto-estima do país», disse.
A iniciativa em Évora inclui ainda, no dia 24 de Novembro, também o Fórum Eugénio de Almeida, os Encontros Mário Cesariny, com uma conferência, leitura de poemas e visita à exposição.
Lusa/SOL
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