As facas Franzina, fabricadas em Azaruja, no concelho de Évora, têm quase um século de existência e a sua fama chega além fronteiras, incluindo os Estados Unidos, mas a crise está a provocar um "corte" nas vendas.
"Há crise em tudo, tudo se vende mal e as facas não são excepção", lamenta à agência Lusa Francisco Figueiredo, de 65 anos, sócio da empresa familiar Joaquim André Silva Franzina, Herdeiros Lda.
A pequena fábrica de cutelaria, que vai na terceira geração e emprega sete pessoas - há anos ter chegou a contar com vinte e duas - faz "nascer" diariamente "cerca de 500" facas, que agora "estão a sobrar" porque "há muita falta de poder de compra".
"Até podíamos vender mais, mas se nos descuidamos não recebemos. Abalam as facas e não vem o dinheiro", desabafa Francisco.
Com cabo em madeira de oliveira e lâmina de aço inoxidável, importado da Áustria, as facas Joaquim Franzina são conhecidas em todo o país. Supermercados, drogarias e vendedores ambulantes são clientes habituais das "verdadeiras" facas corticeiras, como não se cansa de realçar o sócio da empresa, que critica as "imitações" da concorrência e recorda a origem das suas peças no sector da cortiça.
"O avô da minha mulher, André Franzina, trabalhava na cortiça e lembrou-se de aproveitar as lâminas, já gastas, com que cortava esse material para fazer umas facas de cozinha, primeiro só para gasto da casa e para os vizinhos", conta.
A fama desta cutelaria "made in" Azaruja levou a que, especialmente nos anos 80, muitas facas Franzina tenham sido exportadas para os Estados Unidos, Holanda ou Itália.
As exportações actuais destinam-se a Espanha, sobretudo para a indústria corticeira, que fornece aos trabalhadores facas para cortar uma face da cortiça, para atestar a sua qualidade depois de cozida, embora também aqui haja "mossa" nas vendas: "O sector está em crise...".
Sem férias "há uns poucos de anos", para poder "servir os clientes" em qualquer dia ou hora, Francisco aguarda agora com expectativa pelo Verão, para ver se o negócio ganha outro fôlego. "Estamos tão pessimistas, mas se chegar o fim deste Verão e despejarmos tudo, se calhar aguentamos outro ano ou mais", diz, recusando-se a aceitar que o negócio de três gerações leve a "facada" final em tempo de crise.
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