domingo, 15 de janeiro de 2012

Procuramos Médicos para o Distrito de Évora (M/F)

A MediPeople é uma empresa de Recursos Humanos que actua unicamente no sector da saúde. Tem como Clientes de referência Hospitais Públicos/Privados, Unidades Locais de Saúde, Centros de Saúde e Clínicas, proporcionando aos seus Parceiros a possibilidade de desenvolverem uma actividade complementar àquela que é a sua actividade principal, nomeadamente a nível de:
- Serviço de Urgência;
- Consulta Aberta;
- Projectos específicos de redução de listas de espera de utentes.

Neste momento, procuramos Médicos para o Distrito de Évora.

Informações sobre o Projecto:
- Local: Hospital de Espirito Santo, E.P.E;
- Objectivo: Realização de Consultas da Dor Crónica e Técnicas de Analgesia
- Horário: Uma vez por semana das 8h00 às 18h00, em função das disponibilidades do profissional;
- Regime de Prestação de Serviços.

Requisitos:
- Experiência em consulta da dor crónica e manuseamento de técnicas analgésicas;
- Experiência em dor oncológica;
- Competência em dor crónica.

Caso tenha interesse e disponibilidade para este projecto, contacte-nos através do email:


Pode ainda visitar-nos através do www.medipeople.pt 

Vista Parcial da Sé de Évora

sábado, 14 de janeiro de 2012

Monumentos de Évora - Igreja de S.Francisco

Professor da Universidade de Évora que se fazia passar por mulher condenado a quatro anos de cadeia efectiva

O professor universitário Mário Miguel Mendes, que se fazia passar na Internet por uma mulher “lindíssima” que aliciava homens na Internet, foi condenado hoje a quatro anos de prisão efectiva.

O tribunal não teve qualquer dúvida em como o professor cometeu os crimes de que vinha acusado, o que foi demonstrado pela "abundante" prova recolhida.

Dos dez arguidos que foram julgados, cinco foram absolvidos de todos os crimes e outros cinco condenados por vários crimes, entre os quais perturbação da vida privada, coacção e ameaça na forma continuada. Entre estes cinco, conta-se, além do professor, inspectores da Polícia Judiciária e detectives, que foram condenados a penas de multa. Entre os absolvidos contam-se agentes da PSP.

Utilizando a Internet e o telefone, Mário Miguel Mendes fazia-se passar por Sofia Sá Guimarães, uma mulher “lindíssima”, segundo a foto que enviava às vítimas, com “sotaque de Cascais”, passando posteriormente a infernizar a vida dos homens que “seduzia” com essa falsa identidade.

Para perseguir as suas vítimas, o professor contratou, a troco de dinheiro, detectives privados e inspectores da PJ para que vigiassem as suas vítimas.

O arguido estava acusado de crimes de denúncia caluniosa, gravações e fotografias ilícitas, ameaça, coacção e perturbação da vida privada, tendo o Ministério Público pedido, nas alegações finais, uma pena de cinco anos de prisão para quem infernizou a vida a dezenas de pessoas.

Durante o julgamento várias das vítimas da falsa mulher loura prestaram depoimento, bem como agentes policiais que fizeram vigilância junto da casa das vítimas para tentar localizar e deter o arguido.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Teatro - Ascensão e Queda da Cidade de São Cifrão

A Cidade de São Cifrão é uma cidade fábula, uma cidade fundada por gente que se apercebe que “é mais fácil tirar o ouro de quem trabalha do que dos rios ou das montanhas”, uma cidade onde tudo é permitido ao que tem dinheiro. Não ter dinheiro é o maior dos crimes.
Na Cidade de São Cifrão há combates de três em três dias com sangue e dentes partidos, na Cidade de São Cifrão há divertimentos vários, carne de cavalo e de mulher, whisky para beber, poker para jogar, e ninguém a querer mandar. À Cidade de São Cifrão os tufões não chegam. À Cidade de São Cifrão é a cidade-armadilha. Ainda ontem perguntaram lá por vocês! Versão e Encenação: Jorge Feliciano Actores / Técnicos: Andreia Egas, Cristina Cardoso, Jorge Feliciano, Luís Mouzinho, Vítor Alegria

Dias 14 e 15 de Janeiro
Palco do Teatro Garcia de Resende

Formação - A Criança e a Expressão Dramática

Évora Perdida no Tempo - Rua da República


Edifícios a demolir na Rua da República para construção da Caixa Geral de Depósitos.

Autor David Freitas
Data Fotografia 1952 ant. -
Legenda Rua da República
Cota DFT7179 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

Academia aeronáutica despede 33 em Évora



Os aviões ainda se ouvem na cidade, mas dentro de 3 meses tudo será diferente. A CAE Global Academy despediu 33 trabalhadores da escola que tem em Évora.


Entregue na terça-feira, a carta de despedimento coletivo informa que a ligação dos trabalhadores à empresa termina dentro de 90 dias. Fonte próxima do processo revelou ao SAPO que entre os dispensados estão pilotos, formadores, mecânicos e administrativos. Apenas 15 funcionários manterão os seus postos de trabalho, numa academia que deixará de lecionar grande parte dos cursos que oferece atualmente.

No futuro, a CAE Évora dedicar-se-á apenas à "aclimatização" de pilotos formados nos Estados Unidos da América ou seja ao upgrade de pilotos que pretendem voar no espaço aéreo europeu. Instalada no aeródromo de Évora desde 1999, esta academia aeronáutica passou a fazer parte do CAE Global Academy em 2001 tendo formado até agora mais de 500 pilotos, e foi sempre apresentada com símbolo das potencialidades que a região tem para o setor da aeronáutica.

Na história recente da CAE Évora está um acidente, em Castro Verde, com um bimotor ao serviço da escola e que provocou a morte de dois alunos e um instrutor. Ocorrido em Setembro de 2009, o acidente aconteceu depois de os alunos terem realizado treinos de voo noturno em Espanha, visto que na altura, ainda não era possível realizar este tipo de instrução em Évora. O investimento na iluminação da pista do aeródromo de Évora acabaria por ficar concluído em 2010, num investimento da autarquia.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Monumentos de Évora - Torre do Salvador

Grande e bela é a Torre do Salvador, reduto de 13,20 metros de altura, assente numa base quadrangular de 9,60 metros de lado e composta por muros bastante sólidos de granito, situada junto aos Paços do Concelho. A sua construção, inserida na cerca antiga da cidade, data de meados do século XIV e tem prováveis origens romano- visigodas, traduzindo um aproveitamento semelhante ao verificado na implantação de outras fortificações assentes no Castelo de Évora.

Possuindo acesso pelo interior, através de escadas apropriadas, a Torre ostenta um aspecto bélico medieval, que lhe é conferido pela presença bem vincada de ameias e seteiras, embora mitigado pela construção do Convento do Salvador do Mundo, que lhe ficou encostado e ao qual foi servindo de mirante, ornado pelas habituais janelas de tijoleira. O templo foi sagrado em 24 de Julho de 1610 e alojou a Ordem das Clarissas, que tinha sido obrigada a desocupar o seu anterior local de retiro para que, no mesmo espaço, fosse construída a Igreja do Colégio dos Jesuítas (actual Igreja do Espírito Santo).

Durante as invasões francesas, culminadas com a tomada de Évora no dia 29 de Julho de 1808, luta em que pereceu mais de um milhar de eborenses, seguiu-se o massacre da população, tendo sido executadas mais 5.000 pessoas, número médio estimado entre as avaliações por excesso e por defeito, efectuadas por historiadores antigos e mais recentes. Mas a selvajaria das tropas do general Loison, dito “O Maneta”, prosseguiria nos dias 30 e 31 com o saque e a pilhagem sistemática dos mosteiros e das casas mais ricas da cidade. Como é óbvio, o Convento do Salvador não ficou imune ao roubo, tendo sido espoliado do seu recheio mais valioso.

Casa de clausura feminina, suscitou, isso sim, a atenção da soldadesca gaulesa, desvairada na procura de mulheres. Como é lícito supor, as freiras clarissas não saíram incólumes da imparável horda masculina invasora, não oferecendo, por inútil, grande resistência à sua brutalidade.

A Torre, em termos de construção , acabou por não sofrer danos de monta. Apesar de tudo os franceses não conseguiram concretizar o seu grande objectivo, que era o da conquista de Lisboa, e decidiram-se por abandonar o país. Com a extinção das ordens monásticas, o Convento foi entregue 1906 a uma unidade do grupo de Artilharia de Montanha. Dissolvido este, passou a aquartelar o Regimento de Artilharia Ligeira nº1. Em 1922 a Torre sineira do Convento é considerada Imóvel de Interesse Público. Mas o estado geral do conjunto monástico é lastimoso, pelo que o Estado Novo decide transferi-lo para outro local, cessando a ocupação militar do Convento.

Durante algum tempo a Escola Industrial e Comercial de Évora obtém a sua cedência para instalar na cerca e dependências cobertas um campo de jogos e algumas salas de ginástica, que não possui. Sol de pouca dura. Em 1940 a Direcção de Serviços dos Monumentos Nacionais decide abrir a sua Secção Sul na parte mais antiga do edifício, que engloba a Torre, a Igreja, exemplar de arte barroca, e respectivos coros, um pórtico e parte do Claustro. Toda a restante área do Convento é então demolida para dar lugar à construção da Estação dos Correios, Telégrafos e Telefones e ao rasgar da Rua de Olivença.

Por exibir bastos sinais de degradação, a Direcção Regional da Cultura do Alentejo, a quem o edifício está patrimonialmente afecto, decidiu retirar do local os serviços de que ali dispunha e integrá-lo na parceria Acrópole XXI, projecto de reabilitação urbana confinado àquela área e candidato a financiamento comunitário através do QREN. Dotadas de um investimento de 75.000€, as obras em causa visavam a criação de condições, naquele espaço, para instalação da loja “Cultura-Alentejo”. Terminada a intervenção no edifício em meados do ano transacto, este continua encerrado e da loja “Cultura- Alentejo” não se percebem sinais. E é pena, porque tão bela e vetusta torre, localizada na envolvente da Praça do Sertório, não merece estar sem qualquer aproveitamento cultural, social ou turístico, depois da sua recuperação.  

Texto: José Frota 

Évora Perdida no Tempo - Palácio dos Condes de Basto


Fachada ocidental do Palácio dos Condes de Basto (Pátio de São Miguel) depois das obras de restauro. O edifício, em avançado estado de ruína, foi adquirido em 1957 pelo Conde de Vill'Alva, que no ano seguinte iniciou as obras de recuperação, com a colaboração do Arquitecto Ruy Couto. As obras de consolidação, recuperação e restauro duraram cerca de 15 anos.

Autor David Freitas
Data Fotografia 1957 Dep. -
Legenda Palácio dos Condes de Basto
Cota DEFT4417 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Prémio de investigação em AVC vai para médica do Hospital de Évora

O prémio anual de investigação em Acidente Vascular Cerebral (AVC), promovido pela Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) através do seu Núcleo de Estudos de Doença Vascular Cerebral, foi conquistado pela Dra. Sílvia Lourenço, do Hospital do Espirito Santo de Évora (HESE).
O prémio foi atribuído após avaliação por um júri nacional ao estudo “perfil clínico e evolução de doentes com AVC isquémico em ritmo sinusal e sem doença cardíaca estrutural por trombo na aurícula esquerda - casuística de uma unidade de AVC”.

A seleção dos doentes para o estudo ocorreu na Unidade de AVC do HESE, com o apoio da equipa liderada pela Dra. Luísa Rebocho, em articulação com a equipa do Dr. João Vasconcelos, que realizou os estudos ecocardiográficos no Laboratório de Ultrassonografia do HESE (LUSCAN).

O trabalho consistiu na avaliação dos doentes com AVC isquémico de causa desconhecida, nalguns dos quais foram detetados trombos na aurícula esquerda. Na caracterização dos doentes, detetaram-se alterações pró-trombóticas nalguns e, noutros, doença oncológica associada.

A Dra. Sílvia Lourenço destaca que o estudo permitiu encontrar o tratamento mais adequado para os doentes selecionados, consistindo em terapêutica anticoagulante.

O trabalho de investigação valeu o prémio anual da SPMI, que atribui um estágio de três meses num hospital de Oxford, considerado um centro de referência europeu no estudo, prevenção e tratamento do AVC.

A Dra. Luísa Rebocho, responsável pela Unidade de AVC, foi quem propôs a apresentação deste trabalho ao núcleo de estudos de doença vascular cerebral: “Já ganhámos mais dois prémios”, conta com um sorriso, “da Sociedade Portuguesa de AVC e da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, por trabalhos sobre fibrilhação auricular e AVC”.

Aquela responsável salienta a vantagem de existir em Évora uma Unidade para estudar e tratar os doentes com AVC. Ao pertencer a um grupo reduzido de Hospitais com disponibilidade, mediante o LUSCAN, para realizar ecodoppler dos vasos do pescoço, ecocardiograma transtorácico e transesofágico, todos os doentes internados com AVC são estudados “em tempo real”. Estes procedimentos de diagnóstico conduzem a uma terapêutica precoce e eficaz.

A Dra. Sílvia Lourenço sente-se grata aos co-autores, cuja colaboração tornou possível a realização do estudo e irá agora desenvolver a sua investigação em Oxford, procurando estabelecer uma ponte entre aquele centro de referência da especialidade e o hospital central de Évora, para beneficiar os doentes de AVC, uma causa importante de mortalidade em Portugal.

Évora Perdida no Tempo - Festival aerónautico no campo de aviação de Évora


Autor David Freitas
Data Fotografia 1968 - Jun -
Legenda Festival aerónautico no campo de aviação de Évora
Cota DFT3140.1 - Propriedade Arquivo Fotográfico CME

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Palácios de Évora



Évora, todos o sabem, foi uma das mais importantes cidades da fundação e consolidação do Reino de Portugal. Aqui se estabeleceram em tempos diversos monarcas, nobres de alta estirpe, comandos militares, ordens religiosas, que deixaram a sua marca nos palácios, paços, solares, defesas e conventos que mandaram levantar para sua residência. Alguns desses grandes imóveis, embora de grande visibilidade exterior, são muito mal conhecidos. Estão situados na Acrópole e foram testemunhas de acontecimentos singulares da História pátria que não fazem parte das descrições com que os guias turísticos os apresentam ou da sabedoria comum dos seus habitantes. Para lhes recuperarmos o passado e a saga que lhes está associada, colocam-se em evidência nesta edição três dos mais emblemáticos.

O Palácio dos Condes de Basto, o mais antigo dos paços de Évora, assenta num alcácer mouro, situado em plena cintura amuralhada, que D. Afonso Henriques cedeu por volta de 1176 à Ordem de S. Bento de Calatrava para seu alojamento, em troca do seu compromisso de defesa da cidade. Em 1211, os «Freires de Évora» vieram a ser presenteados com a doação do lugar de Avis, ficando, no entanto, compelidos a proceder ao seu povoamento e desenvolvimento e a nele erguer um castelo.

Para lá se mudou a Ordem pelo que, em 1220, o velho solar eborense voltou à tutela da Coroa como Paço Real, agora com o nome de Paço de S. Miguel da Freiria. D. Fernando enamorou-se do espaço e mandou fazerlhe obras de beneficiação, para o usar como residência habitual durante as frequentes vilegiaturas em Évora.

Após a sua morte a viúva, Leonor Teles, escolheu-o como poiso de eleição para os amores que mantinha com o galego João Fernandes Andeiro, seu valido, o qual tomaria o seu partido quando da crise dinástica  conhecida por interregno. Tal tomada de posição levou D. João, capitão-mor do Reino e Mestre da Ordem de Avis, a assaltar o Paço e a destruí-lo quase por completo.

Nomeado Condestável, Nuno Álvares reclamou-o para sua habitação permanente por ser lugar mui favorável a suster as arremetidas castelhanas. O edifício foi reconstruído e o grande chefe militar português viveu nele durante um quarto de século. Depois da sua retirada o Palácio ficou entregue aos capitães-mores de Évora até que D. Afonso V, em meados do Século XV, o ofereceu a Diogo de Castro, capitão de cavaleiros, na qualidade outorgada de governador hereditário da cidade.

Todavia os seus descendentes, tíbios e pusilânimes, aproximaram-se de Espanha por alturas da ocupação filipina. Fernando II conseguiu assim manter todas as regalias dos seus antecessores, tornou-se conselheiro de Filipe II e dele recebeu, em 1895, o título de Conde de Basto. De imediato o Palácio alterou a sua designação. Esta situação permaneceu até 1642, quando Lourenço Pires de Castro, 3º. Conde de Basto e protegido de Filipe III, foi expropriado por D. João IV de Portugal de todos os seus títulos a bens. O Paço voltou à posse da Coroa e, em diversas épocas, serviu de alojamento temporário ao Arcebispo D. Domingos de Bragança e a D. Catarina de Bragança, rainha viúva de Carlos II de Inglaterra. 

O seu último ocupante terá sido Vicente Rodrigues Ruivo (1895-1912), cujos herdeiros o deixaram quase irrecuperável. Em 1950 o filantropo local Engº. Vasco Maria Eugénio d’Almeida, 2º Conde de Vil’Alva, recuperou-o, com o apoio técnico da Direcção Geral dos Monumentos Nacionais, e devolveu-lhe o esplendor antigo. É Monumento Nacional desde 1922. Situado em local de complicado acesso a automóveis, o Palácio passa um pouco despercebido aos visitantes e até mesmo aos eborenses, por não fazer parte dos percursos habituais. É, no entanto, de uma beleza extraordinária, composto por um conjunto de grandes e pequenos blocos, de que se salientam a entrada, o jardim, a casa do administrador, os escritórios e arrecadações e os magníficos pórticos alpendrados.

No interior há salas esplendorosas e pinturas de encantar. Nele está actualmente sediada a Fundação Eugénio d’Almeida. No futuro está destinado a receber um Museu de Arte Contemporânea e Cultura. Junto ao templo romano fica o Palácio dos Duques de Cadaval, mandado erguer por Martim Afonso de Melo, fidalgo, rico-homem de Évora e servidor do Mestre de Avis. Assente no embasamento do antigo Castelo de
Évora, de fundamentos romano-visigodos, é um edifício fortificado, dotado de uma imponente torre na fachada principal e de outra, nas traseiras, de forma pentagonal – uma autêntica raridade. Esta faceta deu origem à sua designação primitiva de Palácio da Torre das Cinco Quinas, classificado como Monumento Nacional a partir de 1910. Tumultos acontecidos durante a crise de 1383-1385 deram azo a que fosse parcialmente incendiado.

As obras que se seguiram permitiram recuperar as torres e a Porta da Traição, ao mesmo tempo que era levantado um elegante pavilhão iluminado por janelas com cortinas de ameias de tipo mudéjar. O Palácio foi depois pousada favorita de D. João II, Dom João III, D. João IV e D. João V. O primeiro destesmonarcas manteve ali prisioneiro D. Fernando II, duque de Bragança, a quem acusou de conspiração contra si, antes de o mandar decapitar na Praça do Giraldo, corria o ano de 1483. Mas só em 1648 é criado o Ducado de Cadaval, em favor de Nuno Álvares Pereira de Melo, unindo as Casas maternas de Bragança e Melo e dos Condes de Olivença, e herdeiro ainda do Condad de Tentúgal e do Marquesado de Ferreira. 

O Palácio da Torre das Cinco Quinas passou então para a posse da nova linhagem. Hoje é a residência habitual de D. Diana Mariana Vitória Álvares Pereira de Melo, de 32 anos, 11ª. Duquesa de Cadaval e casada com o Príncipe Charles-Philipe d’Orléans, duque d’ Anjou. Os matrimónio celebrouse em Maio de 2008 na catedral de Évora com grande pompa e circunstância. No início da década todo o vasto espaço foi alvo de prolongada acção de restauro, empreendida por D. Claudine Tritz, mãe de Diana. A sua gestão compete agora à filha.

O Palácio é palco de diversas iniciativas culturais promovida e patrocinadas pela Casa Cadaval, das quais sobressai o Festival Évora Clássica, organizado desde 1994 e que é já uma referência na programação anual deste género musical. O edifício alberga também a Galeria de Arte da Casa Cadaval, onde se podem admirar diversos códices iluminados, esculturas, pinturas e armaria. No seu prolongamento fica a Igreja de S João Evangelista, de elegante pórtico gótico e panteão da família, com campas de bronze, elementos igualmente classificados.

Em parte do jardim foi aberto um simpático restaurante denominado “Jardim do Paço”. Igualmente junto ao Templo Romano, mas do lado oposto, encontrase um volumoso edifício cuja entrada é servida externamente por um espaço ajardinado onde figuram um busto, da autoria de Mestre Lagoa Henriques, do já citado D. Vasco Maria Eugénio d’Almeida, seu adquirente no início dos anos 60, e um sarcófago de arte moderna, cinzelado por José Pedro Croft. Embora nada o indique, nem da sua existência se faça menção nos guias da cidade, trata-se do antigo e sinistro Palácio da Inquisição. A Inquisição portuguesa nasceu legalmente em Évora em 1536, com o beneplácito de D. João III.

 Para instalar o Tribunal do Santo Ofício, a Igreja comprou ao conde da Vidigueira todas as casas que na área lhe pertenciam. A Inquisição só seria extinta em 1821 pelas Cortes Constituintes. No Palácio de Évora os inquisidores perseguiram, torturaram e condenaram à morte, durante 280 anos, milhares de cristãos novos e pessoas denunciadas como hereges, relapsos, feiticeiros, bruxas, prostitutas, bígamos, solicitantes e ateus, todos sujeitos aos selváticos tratos do potro e de polé. Alguns não chegaram a enfrentar os autos de fé e morreram emparedados nas cruéis covas subterrâneas criados pelo espanhol Alvarez de Paredes. Túlio Espanca assinala que, em 1963, quando da adaptação do edifício a Instituto de Estudos Superiores, foram ali achados vários esqueletos nas mais dramáticas posições.

Ao saque do imóvel enquanto abandonado, ou às transformações recebidas durante o tempo já mais recente em que foi utilizado como Hotel Alentejano, escaparam a imponente sala grande dos Despachosou dos Julgamentos, de tecto armoriado – em cuja entrada superior se pode ler inscrita a legenda Excurge Deus causa tuam – e lambril azulejar, diversos recantos e cerca de catorze mil processos, livros de receitas e despesas e cadernos do promotor. Um pouco mais abaixo, nos Serviços da Cúria Diocesana e antiga residência dos inquisidores, pode ainda ver-se, a encimar o portal de entrada, um rectângulo marmóreo envolvendo as armas do Santo Ofício: a Cruz de Cristo, entre um ramo de oliveira e uma mão empunhando uma espada. 

Texto: José Frota